"Temos que rir desses retardados", essa foi a frase dita pelo jogador Daniel
Alves ao explicar a atitude de ter comido a banana atirada por um torcedor
racista.
Pouco depois, foi a vez do Neymar lançar a hashtag
#SomosTodosMacacos. Pronto, foi o suficiente pro assunto viralizar nas redes e
o discurso contra o racismo, de uma hora para a outra, se tornou a bandeira de
vida de uma multidão de bananas, digo, de macacos, não, perdão, de internautas
brasileiros.
O que passou batido, talvez pela banalização da palavra,
talvez pela falta de movimentos engajados militando por seus direitos, foi a
frase “temos que rir desses retardados”.
Ora, quando o jogador brasileiro diz que é preciso rir dos
retardados, ele atinge, agride e despreza milhares de pessoas com deficiência
intelectual ou cognitiva e suas famílias, que já carregam consigo o sofrimento com os cuidados especiais que os portadores requerem, e agora têm que engolir a
seco o estigma do preconceito destacado em todos os veículos de comunicação,
com o agravante de não poderem se defender. Afinal, de acordo com Daniel Alves,
retardados são apenas pessoas risíveis.
É fato que o senso comum nunca foi generoso em relação às pessoas com este tipo deficiência. O preconceito já existente tem atrapalhado e vitimado muitos portadores em sua busca por inclusão social, respeito e dignidade.
É fato que o senso comum nunca foi generoso em relação às pessoas com este tipo deficiência. O preconceito já existente tem atrapalhado e vitimado muitos portadores em sua busca por inclusão social, respeito e dignidade.
E nesse sentido, a frase do jogador, repercutida em todo o
mundo serve apenas e tão somente para reforçar o estereótipo de que todas as
pessoas com deficiência intelectual ou mental são loucos, inaptos, sem
condições de conviver na sociedade. Uma ignorância que despreza o fato de que tais deficiências possuem diferentes níveis de gravidade, algo que torna a
generalização ainda mais estúpida.
No final das contas, a história das bananas e macacos serviu
pra revelar o atraso do racismo europeu, a sagacidade das agências de
publicidade brasileiras e também, infelizmente, que o preconceito e o
desrespeito contra os deficientes intelectuais permanece forte, enraizado, sem
o apoio de celebridades esportivas ou globais e, lamentavelmente, ainda é
aplaudido quando expressado por um jogador de futebol. #SomosTodosBabacas.
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